"Ali dentro, hora equilibrando-se num banco do bar, hora se desvencilhando dos vultos enérgicos do lugar, que se agitavam num frenesi de braços inertes e cabeças chacoalhantes, encontrava-se alguém.
A garota dos olhos vermelhos - de alcool e lágrima - esgueirava-se com destresa entre os corpos, pois já não tinha mais vontade de chorar.
Ela moveu-se discretamente e mais rapido do que poderia imaginar e olhou o mar de gente.
Aquele ser vivo, composto de braços ao ar, percebeu sua presença e lhe retribuiu o olhar.
A menina dos olhos vermelhos parecia cançada, mas ainda disposta a atravessa-lo. O mar de gente então, entendendo sua pretenção, se abriu, deixando-a passar. Sem êxito, a menina adentrou seu leito, mergulhando e sumindo, afogando-se e submergindo. As luzes da praia do mar de gente estalavam, e havia música, como faziam as sereias, a puxando para ainda mais fundo, mais perto do sufocante mar de braços, mais longe do ar da noite sem luar. Ali ela encontrou o conforto estranho e degradante, mas que a hipnotizava e durante aquela tempestade deixou-se afundar"
Um comentário:
É uma especie de Apocalipse com destino de individualidade... Gostei... É como sentir a natureza te sufocando e te matando de uma forma tranquila e doce, aliviando a dor do desafio deste planeta.
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