sexta-feira, 20 de maio de 2011

Anjo

E como se atreve a invadir novamente meus sonhos, anjo, cobrindo-me de plumas o raciocinar?
E o que te dá o direito de fazer-me querer sonhar?
E como é capaz de fazer-me recorrer a ti por horas, meu anjo, sem que possa eu perceber ou evitar?
E de mim faz-te novamente uma questionadora ao vento, errante por não saber se por esses deveria questionar.

Leve e volúvel solta pela brisa morna da razão ou levada pelo torpor da emoção
Deixo que seu vento venha me carregar
Pois sois anjo e eu inseto, mariposa pequena e fraca
E a mera sombra de suas asas já me faz calar

Dos meus truques apenas a poeira cintilante, pó de vaidade
Alimenta sua alma e satisfaz a curiosidade e o olhar
Das suas façanhas conseguiste a artimanha
de fazer meu pequeno coração de mariposa voltar a palpitar

sábado, 7 de maio de 2011

Coisas inacabadas

Uma poesia
um beijo
uma noite
um desejo
uma carta
alguma idéia
um pedido
uma platéia
uma amizade
um sentimento
nossa música
aquele momento
uma vontade
um abraço
uma melodia
o último passo
uma dança
a esperança
certa lembrança
querida
um sonho
uma vida

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Viajante

E fez do céu seu limite
diante de si apenas a aventura
Ultrajante e indolente
atravessa estradas ao invés de
ruas
Desavisados os que por ti resolverem
olhar
Amargo o gosto para as que por sua
falta deixaram-se embrenhar
Relembrando suas perdas
és errado e errante
impenetrável e penetrante
tolo e cativante
Ainda assim, conseguiste valia imensa
solitário viajante
Deteve-se por um momento
e furtou-me um instante
Obteve o meu máximo enquanto ficaste,
lágrima arrancou-me quando foste
Isenta de correntes que te prendessem
vi-o partir em silêncio
E da partida ficou cravada,
intrínseca a figura de seu olhar
Relembro-me, pois se tornou impossível esquecer
Ainda assim, encontrarei quem me faça parar de lembrar.