terça-feira, 12 de julho de 2011

Como na última vez

Quero seu abraço apertado, tateando firme como se meu corpo pudesse fugir entre seus dedos

Quero seu sussurro soprado, que me diz o esperado e afugenta meus medos

Quero sua mão segurando meu queixo, de suporte para o beijo, o rosto corado de sangue latente

Quero seu corpo quente encostado, mantendo meu frio afastado, meu coração sussegado e a alma dormente

Quero você me olhando, ainda que meio afastado, pra mirar com eficiência com olhos sonolentos

Quero você do meu lado o mesmo tanto de vezes que passeia despreocupado pelos meus pensamentos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Anjo

E como se atreve a invadir novamente meus sonhos, anjo, cobrindo-me de plumas o raciocinar?
E o que te dá o direito de fazer-me querer sonhar?
E como é capaz de fazer-me recorrer a ti por horas, meu anjo, sem que possa eu perceber ou evitar?
E de mim faz-te novamente uma questionadora ao vento, errante por não saber se por esses deveria questionar.

Leve e volúvel solta pela brisa morna da razão ou levada pelo torpor da emoção
Deixo que seu vento venha me carregar
Pois sois anjo e eu inseto, mariposa pequena e fraca
E a mera sombra de suas asas já me faz calar

Dos meus truques apenas a poeira cintilante, pó de vaidade
Alimenta sua alma e satisfaz a curiosidade e o olhar
Das suas façanhas conseguiste a artimanha
de fazer meu pequeno coração de mariposa voltar a palpitar

sábado, 7 de maio de 2011

Coisas inacabadas

Uma poesia
um beijo
uma noite
um desejo
uma carta
alguma idéia
um pedido
uma platéia
uma amizade
um sentimento
nossa música
aquele momento
uma vontade
um abraço
uma melodia
o último passo
uma dança
a esperança
certa lembrança
querida
um sonho
uma vida

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Viajante

E fez do céu seu limite
diante de si apenas a aventura
Ultrajante e indolente
atravessa estradas ao invés de
ruas
Desavisados os que por ti resolverem
olhar
Amargo o gosto para as que por sua
falta deixaram-se embrenhar
Relembrando suas perdas
és errado e errante
impenetrável e penetrante
tolo e cativante
Ainda assim, conseguiste valia imensa
solitário viajante
Deteve-se por um momento
e furtou-me um instante
Obteve o meu máximo enquanto ficaste,
lágrima arrancou-me quando foste
Isenta de correntes que te prendessem
vi-o partir em silêncio
E da partida ficou cravada,
intrínseca a figura de seu olhar
Relembro-me, pois se tornou impossível esquecer
Ainda assim, encontrarei quem me faça parar de lembrar.

terça-feira, 29 de março de 2011

Réplica

Arrastando sua sujeira por onde passa
Largando-se no mundo para depois voltar e rastejar
Como fazem as baratas para encontrar comida, você fareja por atenção
Mas todos aqui já tomaram seu vermicida, terá que mendigar em outra direção

Sua alma está rachada, feito a velha boneca de porcelana
A tez antes alva está borrada por respingos de lama
O brilho dos cabelos outrora furta cor foi anuviado
E de sua bela figura restaram apenas lascas de passado

Então os deixe mais uma vez, a última
E esse será seu maior gesto de gratidão
Suma de uma vez por todas com sua presença leviana
E morra por eles, boneca de porcelana.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Li'l thing

Faz sua linha trovejar e urrar inconseqüente
Até errar e desabar, no tropeço iminente
Percepção do que ocorreu
Ainda não cresceu
Um grão de ouro perdido na areia
Valioso e brilhante, mas insignificante perto de toda a praia
De gente imunda, de gente impertinente
Torna-se como eles mais um inconveniente
Sua sombra é grande, mas sua alma ainda é amena
Não perca seu brilho “coisa pequena”

Sua consciência não denuncia a pouca idade
E aos desavisados assusta a sua sinceridade
O humor sarcástico faz rir e contagia
Pois sabe muito bem qual a arte de se fazer ironia
Melhor dos que um dia te ensinaram, é ágil em executar
Característica dos que não permitem que o tempo lhe escolha qual caminho tomar
Ainda que em meio as centenas de escolhas vãs
Cuidarei de você até que se acabem as manhãs
Minha coisa pequena

Haverá muito tempo para compreender o que te falta se puder tentar
E chegara a qualquer um de seus sonhos, se começar a sonhar
Desejo que seja sempre veloz por todo caminho que te conduzir
E maior que toda a vontade de desistir
Mas que saiba o caminho de casa quando vier a falhar
Pois dentro do uivo do lobo é o chamado pela matilha que se ouve ecoar
Por qualquer fosso escuro que caminhe mantenha a alma serena
E encontre-se com sua grande história, coisa pequena.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Luxúria

E Deus inventou o homem
e o homem acometeu-se de desejo,e assim surgiu a luxúria

E se fez ela seu pior vício
De carne a estalar em suplício
De mãos a apertar, de membros a se chocar
De dor sublime a escoar

Quando pela lascívia deixa-se dominar o corpo
Toma-se todo ele por torpo
Ritmado pelo toque e pelo pulsar
do coração entre pernas, agil em bombear

Para cada veia o veneno quente da incontinência
E para fora da alma o que a boa moral chamaria de descência

E o desejo inventou o pecado da luxúria
e a vida permitiu-me tocá-la.