Bandolins
"Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...
E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...
Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...
Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins..."
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Fantasma
Em minha mente
ainda vejo seu pálido semblante
ainda que por somente um instante
ainda que furtivo e distante
ainda que sombrio e dormente
Em meus sonhos
enquanto festejo com tantos outros rostos risonhos
enquanto danço a passos leves posso te mirar ao fundo estranho, enfadonho
mas esse é meu baile e em minha valsa me mantenho
abjuro-te, abnego, me abstenho
Em minha memória
existem remanescentes alguns lampejos de uma história
existem versos soprados de uma fábula imaginária
existe o ápice da narrativa de toda uma trajetória
e em seu final não existe felicidade ou vitória
Em meu passado
que por mais recente parece-me anuviado
fez do meu presente futuro que outrora o mais tolo já havia anunciado
fez dos retratos mais vívidos piso de areia borrado
fez dos meus medos e desejos réstias de um pretérito imperfeito e desfigurado
Em minha consciência
ainda que contra toda prudência
contra o que ainda me resta de decência
abrigarei o fantasma da relutância
ainda que este tenha seus olhos mortos e minha arrogância
ainda vejo seu pálido semblante
ainda que por somente um instante
ainda que furtivo e distante
ainda que sombrio e dormente
Em meus sonhos
enquanto festejo com tantos outros rostos risonhos
enquanto danço a passos leves posso te mirar ao fundo estranho, enfadonho
mas esse é meu baile e em minha valsa me mantenho
abjuro-te, abnego, me abstenho
Em minha memória
existem remanescentes alguns lampejos de uma história
existem versos soprados de uma fábula imaginária
existe o ápice da narrativa de toda uma trajetória
e em seu final não existe felicidade ou vitória
Em meu passado
que por mais recente parece-me anuviado
fez do meu presente futuro que outrora o mais tolo já havia anunciado
fez dos retratos mais vívidos piso de areia borrado
fez dos meus medos e desejos réstias de um pretérito imperfeito e desfigurado
Em minha consciência
ainda que contra toda prudência
contra o que ainda me resta de decência
abrigarei o fantasma da relutância
ainda que este tenha seus olhos mortos e minha arrogância
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Polca
É leviano o seu jeito de agir
E embaraçoso para todos que te vêem cair
Mas ignoro a piedade
nada aqui tem a ver com caridade
e simplesmente adoro quando passa mal
Se afogando em seus fluidos, como num mergulho banal
Alimente-me um pouco mais com sua ignorância
Seu bem estar não tem tanta importância
Então eu rio da sua inconsequência
Eu me divirto com a experiência
enquanto espero pela próxima dança
A polca falha e manca ainda não me cansa
Poupe-se para seu próximo espetáculo vertiginoso
Tropeço que faz bem ao meu humor malicioso
E embaraçoso para todos que te vêem cair
Mas ignoro a piedade
nada aqui tem a ver com caridade
e simplesmente adoro quando passa mal
Se afogando em seus fluidos, como num mergulho banal
Alimente-me um pouco mais com sua ignorância
Seu bem estar não tem tanta importância
Então eu rio da sua inconsequência
Eu me divirto com a experiência
enquanto espero pela próxima dança
A polca falha e manca ainda não me cansa
Poupe-se para seu próximo espetáculo vertiginoso
Tropeço que faz bem ao meu humor malicioso
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Coma
É no leito escuro que o corpo repousa e o coração encontra conforto
Sem lembranças, sem sentimentos, sem pessoas, sem apego
Somente aqui encontro paz
A busca por quem faça de minhas poesias canções não existe mais
Cintilam os olhos dos que ainda estão
A mercê da vil esperança ficarão
Sem qualquer resposta ou sinal vital
Ao apelo sussurrado: “livrai-nos de todo o mal...”
Sem lembranças, sem sentimentos, sem pessoas, sem apego
Somente aqui encontro paz
A busca por quem faça de minhas poesias canções não existe mais
Cintilam os olhos dos que ainda estão
A mercê da vil esperança ficarão
Sem qualquer resposta ou sinal vital
Ao apelo sussurrado: “livrai-nos de todo o mal...”
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